Olá, leitor! Em Fevereiro de 2020 eu havia escrito esse post aqui, onde listava alguns mangás licenciados no Brasil que tinha vontade de ler, e dentre eles estava O Homem Sem Talento, de Yoshiharu Tsuge. Agora, 2 anos depois, finalmente estou aqui para escrever sobre a obra.
Mas antes, a sinopse.
Originalmente publicado em 1985 no Japão, O Homem Sem Talento é um trabalho icônico do gênero mangá watakushi (“quadrinhos do eu”), como são conhecidos os quadrinhos autobiográficos japoneses, cujo pioneiro é justamente o próprio Yoshiharu Tsuge. O protagonista, alter-ego do desenhista, é um autor de mangá que se recusa a comprometer seu trabalho e ceder às pressões da indústria editorial. Diante das vicissitudes da existência, ele parece determinado a tornar sua vida uma estranha ode ao fracasso, vendendo pedras retiradas de um rio perto de sua casa. Pedras que ninguém parece ter interesse em comprar.
O mangá, com suas 240 páginas, é dividido em 6 capítulos. O começo é lento, mas isso não significa que seja ruim. Passamos todo o primeiro recorte com um ritmo mais calmo e reflexivo, voltado para a vida e mente do protagonista (o “eu” dos mangás watakushi).
A primeira impressão que fica em relação ao protagonista, Sukezo Sukegawa, é que ele se trata, de fato, de um homem sem talento. O personagem principal vive uma vida que pode se considerar medíocre e sem sentido, com falta de dinheiro e diversas brigas com sua esposa, que o humilha constantemente
Um ponto importante de se destacar no primeiro capítulo é a ausência de muitos diálogos, porém existe a presença de diversos cenários e cenas de reflexão, que passam uma certa calma (mesmo que monótona).
Apesar de reflexivo e depreciativo, temos momentos divertidos
(Cena em que Sukezo foge ao ser chamado pra sair, visto que não possuía dinheiro. Retirada do segundo capítulo, um dos mais fracos da obra).
Desenvolvimento e reflexão
A segunda parte do mangá (os 3 capítulos finais) são, com sobras, a melhor leva de páginas. São os capítulos que mais focam nos pensamentos e reflexões, tanto de Sukegawa, quanto de outros personagens.É no 4° capitulo, intitulado "A Viagem", que vemos mais detalhadamente da relação de Sukezo com sua esposa e filho. É cômico a interação entre o casal, que constantemente alfineta um ao outro, é caótico. Também há de se destacar a ótima ideia que foi levar o protagonista para novos cenários, gostei muito.
No meio destes ocorridos aprendemos mais sobre Sukezo, que é dito por Yamai (personagem foco do 6° e último capítulo) como um homem que esconde o talento.
Tá, mas pra quem é o mangá ?
A obra de Tsuge é feita para quem tem paciência, gosta de refletir sobre a vida e o fracasso, além de apreciar o estilo arte presente em suas páginas
É uma história que começa nas suas mãos, mas termina em seus pensamentos. Não atoa, o final não é o que podemos chamar de conclusivo, o que me desapontou um pouco. No geral é, sim, um bom mangá.
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