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Uzumaki: da calma ao caos (Review)

 

Tendo lido "Fragmentos do Horror", lançado no Brasil pela editora DarkSide Books, eu já estava "habituado" (levemente, ao menos) com o autor Junji Ito. Recentemente tive a oportunidade de ler sua clássica obra, Uzumaki, lançada originalmente entre 1998 e 1999, com apenas 3 volumes. A obra foi disponibiliza no Brasil pela editora Devir, que trouxe uma linda edição compilando os 3 volumes, a qual você pode adquirir clicando aqui.

Sobre a obra:
Acontecimentos grotescos começam a surgir em Kurôzu, a pequena localidade onde Kirie Goshima nasceu e cresceu. O vento sopra em curvas, folhas e ramos se enrolam e a fumaça expelida do crematório sobe desenhando redemoinhos funestos. Logo os humanos também são afetados pelo fenômeno helicoidal. Cabelos se revolvem em círculos e corpos se retorcem... Kirie tenta escapar da cidade para fugir da maldição da espiral...Este clássico mangá de terror, que profetizou o clima claustrofóbico e a desigualdade da atual sociedade japonesa, é uma das principais obras do mestre do horror, Junji Ito.
Com mais de 600 páginas, Uzumaki me surpreendeu muito, com um primeiro capítulo que me deixou extremamente calmo, mesmo sendo uma obra de horror. O que eu não esperava é que esta calma viria a ser quebrada no que seriam os volumes 2 e 3 do mangá de Junji Ito, a qual a qualidade foi caindo gradativamente, ao meu ver.

A calmaria (ou introdução)
O primeiro capítulo de Uzumaki é muito bom, e nos situa bem das coisas. Nele somos apresentados aos protagonistas, Kirie Goshima e Shuichi, seu namorado. Além da cidade que envolve todo o mistério da obra, as espirais. Neste primeiro capítulo temos o conflito envolvendo o pai de Shuichi, que estava obcecado por espirais e por conta disso acabou fazendo uma com o próprio corpo...o que resultou em sua morte (e na imagem que você confere abaixo):


Posteriormente temos outro conflito envolvendo um familiar de Shuichi, d
essa vez, sua mãe. É interessante ver o trauma sentido pela personagem após o ocorrido com seu marido. Seu pavor por espirais resulta em cenas bem diferentes, assim por dizer, e mais tarde isto resulta em sua morte.


Ainda sobre o Shuichi (ou a evolução dos personagens)...
Fica notório que todos estes ocorridos afetam o personagem, tanto é que o ele passa um tempo isolado em casa. Mas o mais interessante é comparar o visual do personagem no início do mangá e ao final, na comparação podemos notar o gasto em suas feições, além do estrago psicológico que os ocorridos fizeram.


A Kirie também mudou,
Mas foi "apenas" a aparência, claro que tiveram algumas outras coisinhas, mas esta foi a mais perceptível. Após os ocorridos do capítulo 6 a jovem protagonista ficou com o cabelo curto...e ele não cresceu mais até o final do mangá, mas vamos fingir que ela não o deixou crescer mais por medo de ressurgir uma espiral nele (de fato pode ter sido isto).

(Mudança no cabelo da Kirie)
(Cabelo espiralado)

O nome da cidade faz sentido, não é aleatório
Eu gostei muito da escolha do nome da cidade, Kurôzu, que significa literalmente "redemoinho preto". O nome da cidade faz todo o sentido com a narrativa do mangá, mas não apenas isto, a cidade amaldiçoada tem todo um background sobre sua construção, o que é mais explorado ao fim da obra.

Como (o início) foi rápido...
Os primeiros capítulos de Uzumaki, além de bons, passaram muito rápido. Isto até pouco mais do que equivaleria ao segundo volume da obra.

Mas a lentidão chegou...
Logo depois destes capítulos que passaram "rápido", tudo pareceu meio lento e maçante. A narrativa, ao meu ver, era enrolada. Muita coisa poderia ter sido cortada/ignorada. Alguns elementos, como mortes de pessoas próximas aos personagens principais, demoraram a acontecer e, mesmo que pudesse ter sido óbvio que isto ocorreria, chegou um momento em que cogitei para comigo: "isto realmente vai ocorrer ?". Isso sem contar que a Kirie demorou muito para tomar a decisão de querer ir embora da cidade, coisa que o Shuichi cogitava desde as primeiras páginas do mangá. No fim, por conta desta demora de decisão da personagem, aconteceu aquilo no final na obra.

Ainda sobre o final...
Este me lembrou Devilman, mesmo que um pouco, por conta de dois elementos: a narrativa cíclica e a morte de muitas pessoas ao fim.

No fim Uzumaki é uma obra que vale a leitura, é sempre bom conferir um clássico e ler algo diferente, coisa que as obras de Junji Ito fazem bem. Contudo, me cativei apenas por metade do mangá, assim continuo preferindo a outra obra de Ito, Fragmentos do Horror.

Nota final: 3.5/5

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