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Platinum End, a decepção dos autores de Death Note

Antes mesmo do lançamento de seu mangá, quando anunciado, Platinum End foi uma obra que me despertou o interesse, visto ser de Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata, autores de Death Note. O que eu não esperava é que seria um anime tão decepcionante (ao menos o final).

Na obra do estúdio Signal.MD (Cyborg 009: Call of Justice 1) acompanhamos Mirai Kakehashi, um adolescente que perdeu seus pais e irmão quando criança e é maltratado por seus tios. Sem perspectiva de melhora em sua vida, Mirai decide cometer suicídio, o que ele não esperava é que ao se jogar de um prédio seria salvo por Nasse, um Anjo de Classe Especial.
Nasse explica a Mirai que seu objetivo é fazê-lo feliz e dá asas e flechas ao protagonista. Kakehashi recebe duas flechas do anjo, uma vermelha - capaz de fazer com que até 14 pessoas lhe amem durante 33 dias (não é possível acertar a mesma pessoa mais de uma vez); e uma flecha branca, capaz matar alguém de forma instantânea.

O que Mirai não sabia, e que mais tarde é detalhado por Nasse, é que o protagonista + 12 outros personagens a qual, a princípio, desejavam cometer suicídio foram selecionados a serem candidatos a Deus. 
(Deus, em Platinum End)

Cada um destes candidatos recebe um Anjo - sendo este de Classe Especial, Primeira Classe ou Segunda, e um destes será escolhido como o próximo Deus dentro do limite de 999 dias, visto que já está chegando o fim do atual Deus. Isso te lembra algo ? Caso não se recorde venho refrescar sua memória: em partes, Mirai Nikki!
Assim como no anime do Diário do Futuro, muitas das pessoas que assistiram Platinum End não gostaram do protagonista, que é um covarde.

Dentro dos 26 episódios do anime, a qual separo em 3 partes para esta review, sendo elas: primeiro arco - segundo arco - e último episódio, acompanhamos Mirai Kakehashi em busca de sua felicidade.

Na primeira parte, a qual englobam os 14 primeiros episódios de Platinum End, somos apresentados a 9 dos 13 candidatos a Deus, dentre eles o destaque deste primeiro arco vai para 3 personagens: Saki Hanagako, amiga de infância e amor de Mirai; Nanato Mukaido, importante aliado de Kakehashi e Hanakago; e Kanade Uryuu, o antagonista do arco.
É importante dizer que neste primeiro arco apenas dois personagens são apresentados como tendo um anjo de Classe Especial, isto é, que concedem Asas e Flechas Vermelhas e Branca, sendo eles Mirai e Kanade. Os anjos de Primeira Classe concedem Asas e Flechas Vermelhas, já os de Segunda Classe, como é o caso de Revel - Anjo de Hanakago - dão apenas asas ou Flechas Vermelhas.

Neste primeiro momento vemos a ascensão da fama de Metropoliman (Kanade Uryuu). O antagonista é um personagem inteligente, cauteloso e que não mede escrúpulos para conseguir alcançar seu objetivo. Uryuu chega a conclusão de que para se tornar Deus basta eliminar os outros candidatos, assim podendo realizar o objetivo de trazer sua irmã de volta a vida.

Tendo assassinado um dos Candidatos nos primeiros episódios, Metropoliman logo se torna uma ameaça para Mirai e seus companheiros, que decidem que devem derrotá-lo. De um lado Nanato vê a morte de Kanade como a melhor opção, enquanto Kakehashi acredita que uma pessoa que mata a outra não pode encontrar a felicidade.

Dentro destes 14 episódios, nos quais existe um bom ritmo na narrativa, acompanhamos o desenrolar deste confronto, que culmina na derrota e morte de Metropoliman. É uma cena que me causou um grande incômodo, por ser bem explícita, e mostrou como Kanade foi patético no fim, assim como Light Yagami no penúltimo capítulo do mangá de Death Note. Também há o triste falecimento de Nanato Mukaido, vencido por seu câncer citado desde sua primeira aparição.
Outro fator negativo do primeiro arco foi a falta de desenvolvimento de alguns candidatos, que apareceram, basicamente, apenas para morrer.
(Personagens completamente esqueciveis).

Na segunda parte, que é a mais interessante, somos apresentados e reapresentados aos candidatos restantes. O destaque inicial é para Susumu Yuito, que possui um anjo de Primeira Classe.
Susumu havia acertado Metropoliman com uma flecha vermelha, por conta disso acabou ficando com todas as flechas de Uryuu após sua morte. Yuito deseja apenas um mundo divertido, e explica para todos sobre a existência dos candidatos a Deus, propondo que a humanidade escolha quem será o próximo, para Yuito, Red (Mirai) é quem deve se tornar Deus. O que Susumu não esperava é que esta revelação faria com que todos os candidatos a Deus se tornassem alvos, visto que os Governos querem utilizá-los como armas, sobretudo Kakehashi, por possuir uma flecha branca.

São episódios mais focados na história e diálogos em si, mudando bastante se comparado ao primeiro arco. Desta vez os candidatos que restam planejam se juntar e ter uma conversa, para que o próximo Deus seja escolhido de maneira pacífica, diferente do método de Kanade.

Nestes episódios vemos um pouco mais do "egoísmo" de Kakehashi, que decidi impedir Shuuji, outro Candidato, de cometer suicídio, mesmo o jovem decidindo por tal ato. Shuuji Nakaumi decide que é o certo a se fazer, mas Mirai acha errado, algo que não deve ser decidido por ele.

O antagonismo do arco se dá por um dos personagens mais interessantes de toda a obra, Doutor Gaku Yoneda, o último Candidato a ser apresentado, cujo possui o Anjo da Destruição, um Anjo de Classe Especial. 
Dr. Yoneda quer impedir que um novo Deus seja escolhido, e explica que as pessoas não devem recorrer a um ser divino, cujo foi criado primordialmente pela humanidade, segundo o mesmo, com esperança que seus problema sejam resolvidos. Yoneda propõem que todos resolvam suas próprias questões, e nos é mostrado que quanto menos pessoas acreditam na "criatura", assim intitulada por Gaku, mais ela se enfraquece.

Ao final temos o confronto entre Gaku e Mirai, onde o Doutor planeja com que todos os candidatos morram, incluindo ele, para que não seja escolhida uma nova criatura. Já Mirai, que não almejava se tornar Deus, quer derrotá-lo afim de tornar-se a criatura, para que ainda haja esperança por parte das pessoas. Durante o confronto existem alguns plot twists.

Ao fim nenhum dos dois é morto, e os candidatos decidem, como já haviam conversado anteriormente, que Shuuji deve se tornar o novo Deus. É importante ressaltar que Nakaumi possui apenas 13 anos e de todos os Candidatos é o mais depressivo, além de nutrir uma admiração por Gaku.
(Nakaumi como o novo Deus)

Até então é um final "okay", apesar de alguns elementos ruins, como a já citada morte de Kanade Uryuu e Nanato Mukaido. Contudo chegamos ao último episódio, cujo momentos finais transformoram Platinum End numa obra completamente decepcionante.

No episódio final do anime acompanhamos os acontecimentos após a escolha do novo Deus, ocorre um salto no tempo de 6 anos, onde vemos Mirai e Saki como noivos, o que era o esperado visto o desenrolar do romance entre os dois ao decorrer dos episódios. Até os momentos finais tudo ocorria bem, quando Shuuji, agora Deus, em suas dúvidas decide dizer para Gaku quem surgiu primeiro: Deus ou a humanidade ? E como ele faz isso ? Cometendo suicídio.
(Essa cena ressalta toda a podridão desse final, beirando o ridículo).

Desta maneira todos os anjos, assim como os humanos na Terra, morrem num encerramento completamente horrível e que jogou fora tudo o que foi trabalhado anteriormente. Era um final que poderia ser bom se o anime fosse encerrado momentos antes.

Platinum End termina com um gosto amargo, diferente de outras obras que tiveram o fim do mundo, como Devilman Crybaby e Evangelion, que trabalharam bem o elemento.

Em suma, o anime de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata apresentava elementos de que seria, ao menos, uma obra boa. Contudo, pecou muito com um protagonista que em muitos momentos não foi carismático, uma escolha questionável para Deus e um final decepcionante. É uma obra que poderia ter sido boa, mas termina com uma sensação de decepção.

Os 26 episódios de Platinum End estão disponíveis com dublagem e legendas em português no catálogo da Crunchyroll.


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